quinta-feira, 29 de março de 2012

A saúde e a Páscoa - Marcelo Barros


"Que a saúde se difunda sobre a terra", diz o livro do Eclesiástico, um dos livros judaicos escritos pouco antes da era cristã. Essa frase está servindo de lema para a Campanha da Fraternidade 2012 sobre "Fraternidade e saúde pública". É o tema que a CNBB, conferência dos bispos católicos do Brasil, escolheu para a Quaresma- Páscoa deste ano. De fato, o assunto é oportuno e urgente, seja pela situação ainda precária do sistema de saúde pública em nosso país, seja pela relação profunda que esse problema tem com a fé e com a proposta pascal de Jesus.

No Brasil, movimentos cristãos de linha espiritualista, sejam católicos, sejam pentecostais, fazem cultos invocando a cura divina. Pastores reúnem multidões em praças públicas, colocam na frente as pessoas enfermas, invocam o nome de Jesus, impõem as mãos e muitas saem dali sentindo-se curadas. Independentemente do fato de que, nesse tipo de fenômeno, sempre podem ocorrer fraudes e mentiras, muitos crentes vivem isso com toda pureza da sua fé. Devemos ter o mais profundo respeito por essa forma de interpretar a fé e a oração.

Entretanto, nos evangelhos, Jesus nos convida sempre a irmos ao cerne das questões. Não adianta combater a erva má simplesmente arrancando as folhas. É preciso ir à raiz.

Como sinal de que o projeto divino para o mundo é saúde para todos, Jesus curou alguns doentes, mas sempre chamando a atenção de que era preciso mudar a estrutura social que provocava aqueles males, seja no caso a marginalização social da pessoa doente, seja a cultura de que a doença era consequência de algum pecado. Assim, o compromisso da fé não pode ser apenas aliviar as dores de um ou outro doente, mas cuidar para que todos tenham saúde e vida. Quem divide a vida em material e espiritual e opõe essas duas dimensões não vê relação entre saúde e salvação. Ao contrário, tanto nas culturas antigas, como atualmente na concepção da Organização Mundial da Saúde, define-se a saúde como um processo. Não é um estado adquirido de forma permanente e é um bem estar corporal, social e psíquico que envolve também a dimensão espiritual. Jesus já intuía isso ao curar um paralítico, fazendo-o levantar-se da cama e lhe assegurando o perdão, a reconciliação consigo mesmo, a integração social e a reabertura ao amor divino no seu coração. Essa ação de Jesus revela a nossa missão no plano da saúde. A Campanha da Fraternidade desse ano propõe a chamada "bioética dos 4 P": promoção da saúde, prevenção de doenças, proteção das pessoas vulneráveis e precaução frente ao desenvolvimento biotecnológico. É mais do que hora de garantir a todos os brasileiros o acesso universal, integral e equânime aos cuidados necessários de saúde (CF. 2012, texto básico, n. 261, p. 110).

A festa da Páscoa começou sendo uma celebração da primavera. A tradição judaica associou a história da libertação de Israel da escravidão do Egito com o tempo da festa de Páscoa. Para os cristãos, foi durante uma festa de Páscoa que Jesus deu sua vida por nós e foi por Deus ressuscitado, se tornando fonte de vida nova para toda a humanidade. Por isso, trabalhar para aperfeiçoar e tornar mais justo e democrático o sistema de saúde público no Brasil é uma forma de concretizar a ação pascal e testemunhar de que Deus continua inspirando um projeto de mundo novo no qual cremos e pelo qual optamos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A MÍDIA, OS TORTURADORES E O PÓ
Há alguns meses, foi votada no Congresso Nacional, a “Comissão da verdade”, que tem
o objetivo de trazer à tona as herméticas e obscuras páginas da ditadura militar no Brasil. Se por
um lado essa Comissão foi um avanço; por outro, recebeu críticas de movimentos contra a tortura,
já que os torturadores desse vergonhoso regime não serão punidos, em nosso país.
Essas situações, que alimentam uma certa cultura da impunidade, acabam gerando novas formas de
“pau- de-arara”, ” cadeira do dragão” , espancamento...Hoje, o choque elétrico e o cassetete são as
palavras usadas na mídia de forma maledicente e truculenta, com o intuito de fazer alguma pessoa
tornar-se pó. A palavra virou arma letal. Justamente ela que existe para estabelecer relações humanas
e possibilitar a comunicação.
Uma fala egocêntrica, em que só uma pessoa se expressa e o interlocutor está impedido de dar
uma resposta instantânea, não é comunicação, é autoritarismo( como nos malditos anos de chumbo).
Segundo “Aurélio”, comunicação é a capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, com
vistas ao entendimento entre pessoas. Eu acrescento que comunicar exige argumentação, vocábulo que
significa iluminar, clarear. Nesse sentido, muitas declarações feitas na mídia não são comunicação
pois não iluminam, ao contrário, obscurecem a verdade e se valem da repetição como forma de lavagem
cerebral. Mas o obscurantismo pode ter outra vertente, quando alguém que nunca faz uma auto-crítica
das suas falhas e erros, sente-se no direito de expor os adversários, sem nenhum cuidado com os
princípios da ética jornalística. Também no período da ditadura, muitos torturadores escondiam
o próprio rosto com capuz: não permitiam se mostrar por inteiro, não se expunham ou revelavam
o verdadeiro eu, mas sentiam-se no direito de deixar a vítima literalmente nua e sem defesa.
E, assim como hoje, eram vários contra um. Além disso, as técnicas de bater ininterruptamente,
sem dar tempo para a pessoa respirar, são as mesmas do DOI-CODE.
Qualquer semelhança desses fatos com a realidade de certos meios de comunicação de Macaé
não é mera coincidência. É o caminho encontrado por alguns para traçarem suas batalhas políticas
e eleitorais, até que o adversário vire pó.
E já que estamos no período da Quaresma, que começa com a quarta-feira de cinzas, vamos lembrar
a frase-temática desse período: “Do pó vieste e ao pó voltarás”. Ninguém se livra dessa verdade, tanto
quem bate como quem apanha. Um dia, todo mundo voltará a ser pó: os torturadores e o torturados.
Só que quem decide a hora para tal evento não é nenhum político. Isso não compete à prepotência
humana.
Ivania Ribeiro
Professora, sindicalista e ex-vereadora

terça-feira, 6 de março de 2012

O "QUINTO DOS INFERNOS":

Durante o Século 18, o Brasil-Colônia pagava um alto tributo para seu colonizador, Portugal.

Esse tributo incidia sobre tudo o que fosse produzido em nosso País e correspondia a 20% (ou seja, 1/5) da produção. Essa taxação altíssima e absurda era chamada de "O Quinto".

Esse imposto recaía principalmente sobre a nossa produção de ouro.

O "Quinto" era tão odiado pelos brasileiros, que, quando se referiam a ele, diziam

"O Quinto dos Infernos".

E isso virou sinônimo de tudo que é ruim.

A Coroa Portuguesa quis, em determinado momento, cobrar os "quintos atrasados" de uma única vez, no episódio conhecido como "Derrama".

Isso revoltou a população, gerando o incidente chamado de "Inconfidência Mineira", que teve seu ponto culminante na prisão e julgamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário IBPT, a carga tributária brasileira deverá chegar ao final do ano de 2011 a 38% ou praticamente 2/5 (dois quintos) de nossa produção.

Ou seja, a carga tributária que nos aflige é praticamente o dobro daquela exigida por Portugal à época da Inconfidência Mineira, o que significa que pagamos hoje literalmente "dois quintos dos infernos" de impostos...

Para quê?

Para sustentar a corrupção? Os mensaleiros? O Senado com sua legião de "Diretores"? A festa das passagens, o bacanal (literalmente) com o dinheiro público, as comissões e jetons, a farra familiar nos 3 Poderes (Executivo/Legislativo e Judiciário)?!?

Nosso dinheiro é confiscado no dobro do valor do "quinto dos infernos" para sustentar essa corja, que nos custa (já feitas as atualizações) o dobro do que custava toda a Corte Portuguesa!

E pensar que Tiradentes foi enforcado porque se insurgiu contra a metade dos impostos que pagamos atualmente...!

Não deixem de repassar... desta maneira contribuindo para relembrarem parte da História do Brasil...

segunda-feira, 5 de março de 2012

UBUNTU


Um antropólogo estudava os usos e costumes de uma tribo, na África. Quando terminou seu trabalho de campo, teve de esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto, de volta para casa. Sempre cuidava para não influenciar os membros da tribo passando para eles os maus costumes dos ocidentais. Como sobrava muito tempo, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas, na cidade. Botou tudo num cesto bem bonito, com um belo laço de fita, e colocou debaixo de uma árvore. Então, chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto. A que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz, se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu
significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque S
OMOS...


UBUNTU PARA VOCÊ!