terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Coração Pejoteiro (Fábio Ferreira)

Ser Pastoral da Juventude é ter ousadia, utopia.

Ser protagonista da vida, da luta.

Ser PJ é ter o coração verde da esperança que não morre,
Vermelho dos mártires.
É ter o coração de todas as cores, do mundo, das raças,
Da alegria de viver.

Juventude vibração, geração, coração novo.
Juventude é tempo novo.
Canto novo.
Tradição.

Ser PJ é marchar firmemente contra a violência.
Marchar pela vida. Minha e tua.
Ser PJ é acreditar num homem e mulher diferente,
Que faz o hoje,
Promove a PAZ.

Juventude criativa, que brilha.
Tece historia e faz caminhos novos.
Ser PJ é construir o Reino com mãos jovens.
É reconhecer na diversidade um cântico a Deus.
É defender nossas bandeiras, nosso jeito.
Defender nossos mártires, nossa identidade.

Meu coração é PJotero.
Ele pulsa em sintonia.
No grito, na saudade e alegria.
Pulsa na certeza
De um outro mundo possível.


Autor: Fabio Ferreira
Arquidiocese de Vitória da Conquista
Regional Nordeste III

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VIGÍLIA

VIGÍLIA

A primeira luz se acendeu
chama da esperança vigilante
desvenda o olhar para o clarão
do novo sol vestido de paz
o Deus-Criança de Belém

A segunda luz se acendeu
A voz do profeta ecoou
no deserto dos sem vez,
na vida ferida e humilhada:
Endireitai os trilhos da história

A terceira luz se acendeu
somos todos os convocados
testemunhas do brilho vital
como as velas que se desfazem
a cumprir o princípio do amor

A quarta luz se acendeu
ternura do Espírito no ventre da mulher
a dissipar o medo e a incerteza
a gerar no mistério do Deus-Homem
a nova Páscoa, a vida eternizada

De Belém, "casa do pão",
fermento novo da humanidade
se faz o sonho do Divino Criador
De mãos unidas, o céu e a terra
Universo Divino no universo Humano
Terra fecundada de paz, vida e amor.

Em Cristo, nossa esperança,
Pe Mauro Nunes

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Natal, um Natal outro - Pedro Casaldáliga

Natal, um Natal outro - Pedro Casaldáliga

por Felicitação Natal 2011 e Ano Novo 2012 - Pedro Casaldáliga

Natal, um Natal outro:
para descobrir, acolher e anunciar
o Deus-conosco, hoje, aqui;
segundo Mateus, capítulo 25.
Quem se entende com os pobres
pode-se entender com Deus.

Somente assim, feito criança,
feito Deus vindo a menos,
poderíamos te encontrar,
diariamente nosso,

entre Belém e a Páscoa,
Jesus, o de Nazaré.

Ano Novo, Tempo Novo,
alternativo
na Política, na Economia, na Religião.
Contra os grandes projetos de morte,
o grande projeto da Vida.
Contra o consumismo depredador
entre as armas e agrotóxicos,
consumamos indignação
com ternura e militância
Vivamos em Sumak Kawsay.

Terra e Paz para o Povo Palestino,
para o Povo Kaiowá Guarani,
para todos os povos indígenas e quilombolas,
para todas as migrações do mundo,
para o bilhão de gente humana
condenada à fome.

Apesar de todas as crises,
se podemos balouçar a Deus
entre os braços de Maria e José,
não há motivo para ter medo.
Deus está ao alcance
da nossa Esperança.

Pedro Casaldáliga

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sustentabilidade: tentativa de definição

Sustentabilidade: tentativa de definição

Há hoje um conflito entre as várias compreensões do que seja sustentabilidade. Clássica é a definição da ONU, do relatório Brundland, (1987) “desenvolvimento sustentável éaquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações”. Esse conceito é correto mas possui duas limitações: é antropocêntrico (só considera o ser humano) e nada diz sobre a comunidade de vida (outros seres vivos que também precisam da biosfera e de sustentabilidade).Tentarei uma formulação, o mais integradora possível:

Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informaconais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução, e coevolução.

Expliquemos, rapidamente, os termos desta visão holística:

Sustentar todas as condições necessárias para o surgimento dos seres: estes só existem a partir da conjugação das energias, dos elementos físico-químicos e informacionais que, combinados entre, si dão origem a tudo.

Sustentar todos os seres: aqui se trata de superar radicalmene o antropocentrismo. Todos os seres constituem emergências do processo de evolução e gozam de valor intrínseco, independetente do uso humano.

Sustentar especialmente a Terra viva: a Terra é mais que uma “coisa” (res extensa), sem inteligência ou um mero meio de produção. Ela não contém vida. Ela mesma é viva, se autoregula, se regenera e evolui. Se não garantirmos a sustentabilidade da Terra viva, chamada Gaia, tiramos a base para todas as demais formas de sustentabilidade.

Sustentar também a comunidade de vida: não existe, o meio ambiente, como algo secundário e periférico. Nós não existimos: coeexistimos e somos todos interdependentes. Todos os seres vivos são portadores do mesmo alfabeto genético básico. Formam a rede de vida, incluindo os microorganismos. Esta rede cria os biomas e a biodiversidade e é necessária para a subsistência de nossa vida neste planeta.

Sustentar a vida humana: somos um elo singular da rede da vida, o ser mais complexo de nosso sistema solar e a ponta avançada do processo evolutivo por nós conhecido, pois somos portadores de consciência, de sensibilidade e de inteligência. Sentimos que somos chamados a cuidar e guardar a Mãe Terra, garantir a continuidade da civilização e vigiar também sobre nossa capacidade destrutiva.

Sustentar a continuidade do processo evolutivo: os seres são conservados e suportados pela Energia de Fundo ou a Fonte Originária de todo o Ser. O universo possui um fim em si mesmo, pelo simples fato de existir, de continuar se expandindo e se autocriando.

Sustentar o atendimento das necessidades humanas: fazemo-lo através do uso racional e cuidadoso dos bens e serviços que o cosmos e a Terra nos oferecem sem o que sucumbiríamos.

Sustentar a nossa geração e aquelas que seguirão à nossa: a Terra é suficiente para cada geração desde que esta estabeleça uma relação de sinergia e de cooperação com ela e distribua os bens e serviços com equidade. O uso desses bens deve se reger pela solidariedade generacional. As futuras gerações tem o direito de herdarem uma Terra e uma natureza preservadas.

A sustentabilidade se mede pela capacidade de conservar o capital natural, permitir que se refaça e ainda, através do gênio humano, possa ser enriquecido para as futuras gerações. Esse conceito ampliado e integrador de sustentabilidade deve servir de critério para avaliar o quanto temos progredido ou não rumo à sustentabilidade e nos deve igualmente servir de inspiração ou de idéia-geradora para realizar a sustantabilidade nos vários campos da atividade humana. Se isso a sustentabilidade é pura retórica sem consequências.

Autor do livro Sustentabilidade: o que é e o que não é, a sair em fins de janeiro de 2012 pela Editora Vozes.