segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PRAZERES DA MELHOR IDADE (Ruy Castro)

(Melhor idade é a puta que te pariu - a melhor idade é dos 18 aos 40 anos...)
 A voz em Congonhas anunciou: "Clientes com necessidades especiais, crianças de colo, melhor idade, gestantes e portadores do cartão tal terão preferência etc.". Num rápido exercício intelectual, concluí que, não tendo necessidades especiais, nem sendo criança de colo, gestante ou portador do dito cartão, só me restava a "melhor idade" - algo entre os 60 anos e a morte.
Para os que ainda não chegaram a ela, "melhor idade" é quando você pensa duas vezes antes de se abaixar para pegar o lápis que deixou cair e, se ninguém estiver olhando, chuta-o para debaixo da mesa. Ou, tendo atravessado a rua fora da faixa, arrepende-se no meio do caminho porque o sinal abriu e agora terá de correr para salvar a vida. Ou quando o singelo ato de dar o laço no pé esquerdo do sapato equivale, segundo o João Ubaldo Ribeiro, a uma modalidade olímpica.
Privilégios da "melhor idade" são o ressecamento da pele, a osteoporose, as placas de gordura no coração, a pressão lembrando placar de basquete americano, a falência dos neurônios, as baixas de visão e audição, a falta de ar, a queda de cabelo, a tendência à obesidade e as disfunções sexuais. Ou seja, nós, da "melhor idade", estamos com tudo, e os demais podem ir lamber sabão.
Outra característica da "melhor idade" é a disponibilidade de seus membros para tomar as montanhas de Rivotril, Lexotan e Frontal que seus médicos lhes receitam e depois não conseguem retirar.
Outro dia, bem cedo, um jovem casal cruzou comigo no Leblon. Talvez vendo em mim um pterodáctilo da clássica boemia carioca, o rapaz perguntou: "Voltando da farra, Ruy?". Respondi, eufórico: "Que nada! Estou voltando da farmácia!".
E esta, de fato, é uma grande vantagem da "melhor idade": você extrai prazer de qualquer lugar a que ainda consiga ir.
Primeiro, a aposentadoria é pouca e você tem que continuar a trabalhar para melhorar as coisas. Depois vem a condução.
Você fica exposto no ponto do ônibus com o braço levantado esperando que algum motorista de ônibus te dê uns 60 anos.
Olha...a análise dele é rápida. Leva uns 20 metros e, quando pára, tem a discussão se você tem mais de 60 ou não.
No outro dia entrei no ônibus e fui dizendo:
- "Sou deficiente".
O motorista me olhou de cima em baixo e perguntou:
- "Que deficiência você tem?"
- "Sou broxa!"
Ele deu uma gargalhada e eu entrei.
Logo apareceu alguém para me indicar um remédio. Algumas mulheres curiosas ficaram me olhando e rindo...
Eu disse bem baixinho para uma delas:
- "Uma mentirinha que me economizou R$ 3,00, não fica triste não."
Bem...fui até a pedra do Arpoador ver o por do sol.
Subi na pedra e pensei em cumprir a frase. Logicamente velho tem mais dificuldade..
Querem saber? Primeiro, tem sempre alguém que quer lhe ajudar a subir: "Dá a mão aqui, senhor!!!"
Hum, dá a mão é o cacete, penso, mas o que sai é um risinho meio sem graça.
Sentar na pedra e olhar a paisagem.
É, mas a pedra é dura e velho já perdeu a bunda e quando senta sente os ossos em cima da pedra, o que me faz ter que trocar de posição a toda hora.
Para ver a paisagem não pode deixar de levar os óculos se não, nada vê.
Resolvo ficar de pé para economizar os ossos da bunda e logo passa um idiota e diz:
- "O senhor está muito na beira, pode ter uma tontura e cair."
Resmungo entre dentes:..."só se cair em cima da sua mãe".... mas, dou um risinho e digo que está tudo bem.
Esta titica deste sol esta demorando a descer, então eu é que vou descer, meus pés já estão doendo e o sol nada.
Vou pensando - enquanto desço e o sol não - "Volto de metrô, é mais rápido..."
Já no metrô, me encaminho para a roleta dos idosos, e lá esta um puto de um guarda que fez curso, sei eu em que faculdade, que tem um olho crítico e consegue saber a idade de todo mundo.
Olha sério para mim, segura a roleta e diz:
- "O senhor não tem 65 anos, tem que pagar a passagem."
A esta altura do campeonato eu já me sinto com 90, mas quando ele me reconhece mais moço, me irrompe um fio de alegria e vou todo serelepe comprar o ingresso.
Com os pés doendo fico em pé, já nem lembro do sol, se baixou ou não dane-se. Só quero chegar em casa e tirar os sapatos...
Lá estou eu mergulhado em meus profundos pensamentos, uma ligeira dor de barriga se aconchega...Durante o trajeto não fui suficientemente rápido para sentar nos lugares que esvaziavam...
Desisti...lá pelo centro da cidade, eu me segurando, dei de olhos com uma menina de uns 25 anos que me encarava...Me senti o máximo.
Me aprumei todo, estufei o peito, fiz força no braço para o bíceps crescer e a pelanca ficar mais rígida, fiquei uns 3 dias mais jovem.
Quando já contente, pelo menos com o flerte, ela ameaçou falar alguma coisa, meu coração palpitou.
É agora...
Joguei um olhar 32 (aquele olhar de Zé Bonitinho), ela pegou na minha mão e disse:
- "O senhor não quer sentar? Me parece tão cansado!"
Melhor Idade??? Melhor idade é a puta que te pariu!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.  
 
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. 
 
Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. 
 
Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' 
 
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 
 
'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. 
 
Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 
 
'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 
 
'Que tanta coisa?', perguntei. 
 
'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. 
 
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação! 
 
 
 
Estamos construindo super-homens e super  mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente  infantilizados.
 
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! 
 
Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' 
 
Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? 
 
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais... 
 
A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se  apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. 
 
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este  tênis,  usar esta camisa, comprar este carro,você chega lá!' 
 
O problema é  que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba  precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. 
 
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental  três requisitos são indispensáveis: amizades,  autoestima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. 
 
Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping-center. É curioso: a maioria dos shoppings-centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de  missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... 
 
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito,  entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... 
 
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo  hambúrguer do Mc Donald...
 
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:... "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser Feliz"!! 
 
Frei Beto

 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012


Leonardo Boff
Teólogo/filósofo
                                     Reinventando a educação
         Muniz Sodré, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é alguém que sabe muito. Mas o singular nele é que, como poucos, pensa sobre o que sabe. Fruto de seu pensar é um livro notável que acaba de sair: Reinventando a educação: diversidade, descolonização  e redes  (Vozes 2012).
Nesse livro procura enfrentar os desafios colocados à pedagogia e à educação que se derivam dos vários tipos de saberes, das novas tecnologias e das transformações processadas pelo capitalismo. Tudo isso a partir de nosso lugar social que é o Hemisfério Sul, um dia colonizado e que está passando por um instigante processo de neodescolonização e de um  enfrentamento com o debilitado neoeurocentrismo hoje devastado pela crise do Euro.
         Muniz Sodré analisa as várias correntes da pedagogia e da educação desde a paideia  grega até o mercado mundial da educação que  representa uma crassa concepção da educação utilitarista, ao transformar  a escola numa empresa e numa  praça de mercado a serviço da dominação mundial.
         Desmascara os mecanismos de poder econômico e político que se escondem atrás de expressões que estão na boca de todos como “sociedade do conhecimento ou da informação”. Melhor dito, o capitalismo-informacional-cognitivo constitui a nova base da acumulação do capital. Tudo virou capital: capital natural, capital humano, capital cultural, capital intelectual, capital social, capital simbólico, capital religioso...capital e mais capital. Por detrás se oculta uma monocultura do saber, aquele maquínico, expressso pela  “economia do conhecimento”  a serviço do mercado.
Hoje projetou-se um tipo de educação que visa a formação de quadros que prestam “serviços simbólico-analíticos”, quadros dotados de alta capacidade de inventar, identificar problemas e de resolvê-los. Essa educação “distribui conhecimentos da mesma forma que uma fábrica instala componentes na linha de montagem”.
A educação perde destarte seu caráter de formação. Ela cái sob a crítica de Hannah Arendt que dizia: “pode-se continuar a aprender até  o fim da vida sem, no entanto, jamais se educar”. Educar implica aprender sim a conhecer e a fazer, mas sobretudo aprender a ser, a conviver e a cuidar. Comporta construir sentidos de vida, saber lidar com a complexa condition humaine e definir-se face aos rumos da história.
O que agrava todo o processo educativo é a predominância do pensamento único. Os americanos vivem de um mito o do“destino manifesto”. Imaginam que Deus lhes reservou um destino, o de ser  o “novo povo escolhido” para levar ao mundo seu estilo de vida, seu modo de produzir e de consumir ilimitadamente, seu tipo de democracia e seus valores de livre mercado. Em nome desta excepcionalidade, intervem  pelo mundo afora, até com guerras, para garantir sua hegemonia imperial sobre todo o mundo.
 A Europa não renunciou ainda a sua arrogância.  A Declaração de Bolonha de 1999 que reuniu 29 ministros da Educação de toda a Europa, afirmava que só ela poderia produzir um conhecimento universal, “capaz de oferecer aos cidadãos as competências necessárias para responder aos desafios do novo milênio”. Antes a imaginada universalidade se fundava nos direitos humanos e no próprio Cristianismo  com sua pretensão de ser a única religião verdadeira. Agora a visão é mais rasteira: só a Europa garante eficácia empresarial, competências, habilidades e destrezas que realizarão a globalização dos negócios. A crise econômico-finaneceira atual está tornando ridícula esta pretensão. A maioria dos países não sabem como sair da crise que criaram. Preferem lançar inteiras sociedades no desemprego e na miséria para salvar o sistema financeiro especulativo, cruel e sem piedade.
Muniz Sodré em seu livro traz para a realidade brasileira estas questões para mostrar com que desafios nossa educação deve se confrontar nos próximos anos. Chegou o momento de  construirmo-nos como povo livre e criativo e não mero eco da voz dos outros. Resgata os nomes de educadores que pensaram uma educação  adequada às nossas virtualidades, como  Joaquim Nabuco, Anísio Teixeira e particularmente Paulo Freire. Darcy Ribeiro falava com entusiasmo da “reinvenção do Brasil” a partir da riqueza da mestiçagem entre todos representantes dos 60 povos que vieram ao nosso pais.
A educação reinventada nos deve ajudar na descolonização e na superação do pensamento único, aprendendo com as diversidades culturais e tirando proveito das redes sociais. Deste esforço poderão nascer entre nós os primeiros brotos de um outro paradigma de civilização que terá como centralidade a vida, a Humanidade e a Terra, no dizer de alguns, uma biocivilização.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PÁSCOA DE JESUS E A NOSSA HORA DE PÁSCOA


Ano após ano, o ciclo litúrgico nos encaminha para celebrarmos o ápice da missão de Jesus, o Mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição. A Semana Santa, magna e grandiosa, culmina com a sua vitória sobre a morte e suas estruturas cuja causa é o pecado, portanto, é na sua Páscoa que se revela a inclinação e plena libertação de Deus sobre o clamor e a miséria de seu povo. É na Páscoa de Jesus que se revela a essência de nosso ser e existir cristão.

Nesta semana vivenciamos, celebrativamente, e com sublime intensidade a vitória do vencido. O Mistério evidencia o Cristo-Cordeiro, vítima das mais acentuadas transgressões humanas. Vítima da prepotência que ignora a presença salvífica de Deus no mundo e o torna banido, marginal, sofredor. Aí se solidariza com os fracos, os pequenos e pobres sofredores. A sua cruz é a cruz de todos os que são humilhados pelo pecado humano.

Da cruz ao sepulcro, irrompe o silêncio. A humanidade se cala, interroga-se! E movida pela esperança, adentra, sob o testemunho primeiro da mulher, o sepulcro vazio. Avista sinais, apenas sinais, mas sinais evidentes da vida que venceu a morte. Ele Ressuscitou! Está vivo! Está entre nós e nos dá a tranquilidade de sua paz! Dissipa a escuridão do pecado, desfaz todo medo, dúvidas e incertezas e pelo seu Espírito nos envia a anunciar a Boa Nova da vida, da paz e da suprema e integral libertação. Anunciar a Boa Nova do perdão, da reconciliação que renova a vida a partir de sua miséria individual e comunitária. Ele nos faz agora, testemunhas, mártires, missionários e nos unge com o óleo para o serviço.

Páscoa, hora de ir fundo na vivência da fé que se torna compromisso para partir e repartir, partilhar e compartilhar o pão da vida, alimento do amor-doação pelos irmãos. É hora de abraçarmos em nossas comunidades, pastorais, movimentos e grupos a causa vencedora de Jesus: “Eu vim para que todos, todos tenham vida plenamente”.

Páscoa é agora, na nossa hora cotidiana e histórica, para forjar pelo dom que recebemos, o novo, a vida nova em todos os cantos e recantos e lá onde a vida não tem voz nem vez. É a nossa hora de vivermos a passagem (=Páscoa) da morte para a vida, da injustiça para a justiça do Reino, da violência para a Paz do Ressuscitado, da indiferença para a verdadeira fraternidade.

É a nossa hora de Páscoa, de Ressurreição. Hora de nossa Páscoa na Páscoa do Ressuscitado.

Desejo a todos e todas, uma Feliz e Renovada Páscoa.

Em Cristo, Pe Mauro.

Paróquia São Paulo Apóstolo

Movimento Fé & Política Litoral

quinta-feira, 29 de março de 2012

A saúde e a Páscoa - Marcelo Barros


"Que a saúde se difunda sobre a terra", diz o livro do Eclesiástico, um dos livros judaicos escritos pouco antes da era cristã. Essa frase está servindo de lema para a Campanha da Fraternidade 2012 sobre "Fraternidade e saúde pública". É o tema que a CNBB, conferência dos bispos católicos do Brasil, escolheu para a Quaresma- Páscoa deste ano. De fato, o assunto é oportuno e urgente, seja pela situação ainda precária do sistema de saúde pública em nosso país, seja pela relação profunda que esse problema tem com a fé e com a proposta pascal de Jesus.

No Brasil, movimentos cristãos de linha espiritualista, sejam católicos, sejam pentecostais, fazem cultos invocando a cura divina. Pastores reúnem multidões em praças públicas, colocam na frente as pessoas enfermas, invocam o nome de Jesus, impõem as mãos e muitas saem dali sentindo-se curadas. Independentemente do fato de que, nesse tipo de fenômeno, sempre podem ocorrer fraudes e mentiras, muitos crentes vivem isso com toda pureza da sua fé. Devemos ter o mais profundo respeito por essa forma de interpretar a fé e a oração.

Entretanto, nos evangelhos, Jesus nos convida sempre a irmos ao cerne das questões. Não adianta combater a erva má simplesmente arrancando as folhas. É preciso ir à raiz.

Como sinal de que o projeto divino para o mundo é saúde para todos, Jesus curou alguns doentes, mas sempre chamando a atenção de que era preciso mudar a estrutura social que provocava aqueles males, seja no caso a marginalização social da pessoa doente, seja a cultura de que a doença era consequência de algum pecado. Assim, o compromisso da fé não pode ser apenas aliviar as dores de um ou outro doente, mas cuidar para que todos tenham saúde e vida. Quem divide a vida em material e espiritual e opõe essas duas dimensões não vê relação entre saúde e salvação. Ao contrário, tanto nas culturas antigas, como atualmente na concepção da Organização Mundial da Saúde, define-se a saúde como um processo. Não é um estado adquirido de forma permanente e é um bem estar corporal, social e psíquico que envolve também a dimensão espiritual. Jesus já intuía isso ao curar um paralítico, fazendo-o levantar-se da cama e lhe assegurando o perdão, a reconciliação consigo mesmo, a integração social e a reabertura ao amor divino no seu coração. Essa ação de Jesus revela a nossa missão no plano da saúde. A Campanha da Fraternidade desse ano propõe a chamada "bioética dos 4 P": promoção da saúde, prevenção de doenças, proteção das pessoas vulneráveis e precaução frente ao desenvolvimento biotecnológico. É mais do que hora de garantir a todos os brasileiros o acesso universal, integral e equânime aos cuidados necessários de saúde (CF. 2012, texto básico, n. 261, p. 110).

A festa da Páscoa começou sendo uma celebração da primavera. A tradição judaica associou a história da libertação de Israel da escravidão do Egito com o tempo da festa de Páscoa. Para os cristãos, foi durante uma festa de Páscoa que Jesus deu sua vida por nós e foi por Deus ressuscitado, se tornando fonte de vida nova para toda a humanidade. Por isso, trabalhar para aperfeiçoar e tornar mais justo e democrático o sistema de saúde público no Brasil é uma forma de concretizar a ação pascal e testemunhar de que Deus continua inspirando um projeto de mundo novo no qual cremos e pelo qual optamos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A MÍDIA, OS TORTURADORES E O PÓ
Há alguns meses, foi votada no Congresso Nacional, a “Comissão da verdade”, que tem
o objetivo de trazer à tona as herméticas e obscuras páginas da ditadura militar no Brasil. Se por
um lado essa Comissão foi um avanço; por outro, recebeu críticas de movimentos contra a tortura,
já que os torturadores desse vergonhoso regime não serão punidos, em nosso país.
Essas situações, que alimentam uma certa cultura da impunidade, acabam gerando novas formas de
“pau- de-arara”, ” cadeira do dragão” , espancamento...Hoje, o choque elétrico e o cassetete são as
palavras usadas na mídia de forma maledicente e truculenta, com o intuito de fazer alguma pessoa
tornar-se pó. A palavra virou arma letal. Justamente ela que existe para estabelecer relações humanas
e possibilitar a comunicação.
Uma fala egocêntrica, em que só uma pessoa se expressa e o interlocutor está impedido de dar
uma resposta instantânea, não é comunicação, é autoritarismo( como nos malditos anos de chumbo).
Segundo “Aurélio”, comunicação é a capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, com
vistas ao entendimento entre pessoas. Eu acrescento que comunicar exige argumentação, vocábulo que
significa iluminar, clarear. Nesse sentido, muitas declarações feitas na mídia não são comunicação
pois não iluminam, ao contrário, obscurecem a verdade e se valem da repetição como forma de lavagem
cerebral. Mas o obscurantismo pode ter outra vertente, quando alguém que nunca faz uma auto-crítica
das suas falhas e erros, sente-se no direito de expor os adversários, sem nenhum cuidado com os
princípios da ética jornalística. Também no período da ditadura, muitos torturadores escondiam
o próprio rosto com capuz: não permitiam se mostrar por inteiro, não se expunham ou revelavam
o verdadeiro eu, mas sentiam-se no direito de deixar a vítima literalmente nua e sem defesa.
E, assim como hoje, eram vários contra um. Além disso, as técnicas de bater ininterruptamente,
sem dar tempo para a pessoa respirar, são as mesmas do DOI-CODE.
Qualquer semelhança desses fatos com a realidade de certos meios de comunicação de Macaé
não é mera coincidência. É o caminho encontrado por alguns para traçarem suas batalhas políticas
e eleitorais, até que o adversário vire pó.
E já que estamos no período da Quaresma, que começa com a quarta-feira de cinzas, vamos lembrar
a frase-temática desse período: “Do pó vieste e ao pó voltarás”. Ninguém se livra dessa verdade, tanto
quem bate como quem apanha. Um dia, todo mundo voltará a ser pó: os torturadores e o torturados.
Só que quem decide a hora para tal evento não é nenhum político. Isso não compete à prepotência
humana.
Ivania Ribeiro
Professora, sindicalista e ex-vereadora

terça-feira, 6 de março de 2012

O "QUINTO DOS INFERNOS":

Durante o Século 18, o Brasil-Colônia pagava um alto tributo para seu colonizador, Portugal.

Esse tributo incidia sobre tudo o que fosse produzido em nosso País e correspondia a 20% (ou seja, 1/5) da produção. Essa taxação altíssima e absurda era chamada de "O Quinto".

Esse imposto recaía principalmente sobre a nossa produção de ouro.

O "Quinto" era tão odiado pelos brasileiros, que, quando se referiam a ele, diziam

"O Quinto dos Infernos".

E isso virou sinônimo de tudo que é ruim.

A Coroa Portuguesa quis, em determinado momento, cobrar os "quintos atrasados" de uma única vez, no episódio conhecido como "Derrama".

Isso revoltou a população, gerando o incidente chamado de "Inconfidência Mineira", que teve seu ponto culminante na prisão e julgamento de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário IBPT, a carga tributária brasileira deverá chegar ao final do ano de 2011 a 38% ou praticamente 2/5 (dois quintos) de nossa produção.

Ou seja, a carga tributária que nos aflige é praticamente o dobro daquela exigida por Portugal à época da Inconfidência Mineira, o que significa que pagamos hoje literalmente "dois quintos dos infernos" de impostos...

Para quê?

Para sustentar a corrupção? Os mensaleiros? O Senado com sua legião de "Diretores"? A festa das passagens, o bacanal (literalmente) com o dinheiro público, as comissões e jetons, a farra familiar nos 3 Poderes (Executivo/Legislativo e Judiciário)?!?

Nosso dinheiro é confiscado no dobro do valor do "quinto dos infernos" para sustentar essa corja, que nos custa (já feitas as atualizações) o dobro do que custava toda a Corte Portuguesa!

E pensar que Tiradentes foi enforcado porque se insurgiu contra a metade dos impostos que pagamos atualmente...!

Não deixem de repassar... desta maneira contribuindo para relembrarem parte da História do Brasil...

segunda-feira, 5 de março de 2012

UBUNTU


Um antropólogo estudava os usos e costumes de uma tribo, na África. Quando terminou seu trabalho de campo, teve de esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto, de volta para casa. Sempre cuidava para não influenciar os membros da tribo passando para eles os maus costumes dos ocidentais. Como sobrava muito tempo, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas, na cidade. Botou tudo num cesto bem bonito, com um belo laço de fita, e colocou debaixo de uma árvore. Então, chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto. A que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente, todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e os comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas, se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz, se todas as outras estivessem tristes?"

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu
significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente para o detalhe: porque S
OMOS...


UBUNTU PARA VOCÊ!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Leonardo Boff
Teólogo/Filósofo
Pensamentos e Sonhos sobre o Brasil

1. O povo brasileiro se habituou a “enfrentar a vida” e a conseguir tudo “na luta”, quer dizer, superando dificuldades e com muito trabalho. Por que não iria “enfrentar” também o derradeiro desafio de fazer as mudanças necessárias, para criar relações mais igualitárias e acabar com a corrupção?

2. O povo brasileiro ainda não acabou de nascer. O que herdamos foi a Empresa-Brasil com uma elite escravagista e uma massa de destituídos. Mas do seio desta massa, nasceram lideranças e movimentos sociais com consciência e organização. Seu sonho? Reinventar o Brasil. O processo começou a partir de baixo e não há mais como detê-lo.

3. Apesar da pobreza e da marginalização, os pobres sabiamente inventaram caminhos de sobrevivência. Para superar esta anti-realidade, o Estado e os políticos precisam escutar e valorizar o que o povo já sabe e inventou. Só então teremos superado a divisão elites-povo e seremos uma nação una e complexa.

4. O brasileiro tem um compromisso com a esperança. É a última que morre. Por isso, tem a certeza de que Deus escreve direito por linhas tortas. A esperança é o segredo de seu otimismo, que lhe permite relativizar os dramas, dançar seu carnaval, torcer por seu time de futebol e manter acesa a utopia de que a vida é bela e que amanhã pode ser melhor.

5. O medo é inerente à vida porque “viver é perigoso” e sempre comporta riscos. Estes nos obrigam a mudar e reforçam a esperança. O que o povo mais quer, não as elites, é mudar para que a felicidade e o amor não sejam tão difíceis.

6. O oposto ao medo não é a coragem. É a fé de que as coisas podem ser diferentes e que, organizados, podemos avançar. O Brasil mostrou que não é apenas bom no carnaval e no futebol. Mas também bom na agricultura, na arquitetura, na música e na sua inesgotável alegria de viver.

7. O povo brasileiro é religioso e místico. Mais que pensar em Deus, ele sente Deus em seu cotidiano que se revela nas expressões: “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “fique com Deus”. Deus para ele não é um problema, mas a solução de seus problemas. Sente-se amparado por santos e santas e por bons espíritos e orixás que ancoram sua vida no meio do sofrimento.

8. Uma das características da cultura brasileira é a alegria e o sentido de humor, que ajudam aliviar as contradições sociais. Essa alegria nasce da convicção de que a vida vale mais do que qualquer coisa. Por isso deve ser celebrada com festa e diante do fracasso, manter o humor. O efeito é a leveza e o entusiasmo que tantos admiram em nós.

9. Há um casamento que ainda não foi feito no Brasil: entre o saber acadêmico e o saber popular. O saber popular nasce da experiência sofrida, dos mil jeitos de sobreviver com poucos recursos. O saber acadêmico nasce do estudo, bebendo de muitas fontes. Quando esses dois saberes se unirem, seremos invencíveis.

10. O cuidado pertence à essência de toda a vida. Sem o cuidado ela adoece e morre. Com cuidado, é protegida e dura mais. O desafio hoje é entender a política como cuidado do Brasil, de sua gente, da natureza, da educação, da saúde, da justiça. Esse cuidado é a prova de que amamos o nosso pais.

11.Uma das marcas do povo brasileiro é sua capacidade de se relacionar com todo mundo, de somar, juntar, sincretizar e sintetizar. Por isso, ele não é intolerante nem dogmático. Gosta e acolhe bem os estrangeiros. Ora, esses valores são fundamentais para uma globalização de rosto humano. Estamos mostrando que ela é possível e a estamos construindo.

12. O Brasil é a maior nação neolatina do mundo. Temos tudo para sermos também a maior civilização dos trópicos, não imperial, mas solidária com todas as nações, porque incorporou em si representantes de 60 povos que para aqui vieram. Nosso desafio é mostrar que o Brasil pode ser, de fato, um pedaço do paraíso que não se perdeu.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada
minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!"

(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.

Autor:
Antonio Barreto, Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador-BA

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.